sexta-feira, dezembro 15, 2006

Já alguma vez se definiram?





Já alguma vez começaram a frase:
Eu sou...
e terminaram-na com veracidade?
Eu ando nesse trabalho por estes dias.
A escrever para me descobrir!
Beijinho

2 comentários:

Maria João disse...

numa escala de 0 a 10 eu sou 6 egocêntrica.

Mistic disse...

Isto tem limite de caracteres? Se não tiver, aqui tens um Eu:

EU

A minha descoberta em nada me deslumbra. Olho-me e não me gosto. Não me gosto, por procurar a perfeição e encontrar em mim defeitos. Muitas vezes fiz esta reflexão: de olhar-me no espelho da minha alma, de me sentir como eu sou, mas sempre me desiludo.
Por vezes encontrar-me é entrar no poço mais profundo que a Imaginação alguma vez concebeu. Mergulho na minha imensidão infinitamente pequena, reduzo-me ao nada que sou, analiso-me e encontro manchas brancas do meu ser.
É tão difícil a minha existência! Mas, mais difícil ainda é a sua análise, livre de subjectividade, se for feita por mim. Mas, se eu não fizer, outros certamente a farão frequentemente. Essas análises são irrelevantes para o meu ser, por nelas encontrar a subjectividade de quem as fez, da circunstância em que as fez, da altura em que as fez, até daquilo que quem as fez de mim conhece! Nada é objectivo!
Aquilo que eu busco incessantemente é o meu preenchimento total como pessoa. Eu sou um Infinito, embora me sinta de um tamanho minúsculo em locais que me sejam novos, com pessoas novas ou em situações novas.
Faço de mim esfregona dos meus sentimentos, absorvo-os até à última gota e aí está: uma bomba-relógio cheia de sentimentalismo, emoções e reacções, andante. Não tenho controlo sobre mim; não consigo controlar as minhas acções em imensas situações. A inconstância é uma constante na minha vida.
Quero-me conhecer, mas nunca consigo atingir a minha totalidade; quando me revejo, esqueço-me de mim há momentos atrás, confundo o presente com o ausente, o futuro com o passado: tudo isto em mim é real.
Perco-me no fio do meu pensamento, que quanto mais teço o meu tecido, maior se torna o meu novelo. Encontro-me, organizo-me, analiso-me, e no final, descubro-me inexploradamente virgem. Quando penso que já me conheço, comprovo-me (quer que seja por acções ou apenas por pensamento) que me desconheço, que o conhecimento que de mim possuía afinal era relativo e pequeno, e volto ao ponto de partida.

Sou um ser complicado por Natureza e complico-me mais quando me tento compreender. Vou à essência do problema mas, afinal, descubro que essa essência não passa de algo banal. Aí, banalizo-me, sinto-me vulgar e não é isso que eu quero ser.
Quero sempre mais; quero reconhecimento, quero amizade, quero carinho, quero amor e quero tudo isso pelo que sou; e não pelo que os outros julgam que sou. No entanto, jogo comigo o jogo da vida e encarno outras personagens para que gostem de mim. Mas já me deixei disso; não há muito, mas já me deixei disso. Quero ser EU, perante mim e perante os outros: quem gostar, gosta e quem não gostar, não gosta. Mas eu não aceito que não gostem de mim e, ou entro em depressão por tal acontecer, ou volto a entrar no jogo de ser aquilo que querem que eu seja.
Mas eu preciso de tempo. Tempo para me recompor, tempo para me estudar, para me conhecer e reconhecer, tempo para amar e para receber amor, tempo para existir e para aqueles que eu amo e não me deixar de sentir EU.
No entanto, sou muito dependente dos outros. Dependo dos outros para viver, para andar, para sorrir e rir, para estudar, para gostar, para amar.. Necessito da constante atenção dos outros e não gosto de chamar a atenção; quero pessoas à minha volta e não gosto de multidões; quero quem eu amo à minha volta e não consigo demonstrar o meu amor sem me sentir idiota, invulgar, extraterrestre... como é que alguém pode viver constantemente nesta dualidade de circunstâncias opostas, de sentimentos opostos... Sinto-me a estontecer de tanta confusão. É difícil “ser” neste mundo. É difícil assumir-se neste mundo.
Quero-me libertar de todas as convenções, ser livre de todas as prisões, atingir a liberdade ao máximo. Quero livrar-me desta vida tão terrena a que chamo normal e quero chegar a um ponto em que nada mais me interesse: apenas o Amor. Sem o amor, acho que nada me prenderia a este mundo. Nada mesmo... Nada.
Tantas vezes imaginei deixar tudo isto... mas sempre me vinha à ideia o amor. Aqueles que eu amo, deixar tudo para trás, os que me amam tristes para trás, os que me amam tristes por me ver partir, sem nada poderem fazer como enfrentar tudo isto? Como viver sem tudo isto? Por isso, creio que a minha essência, o meu ser apenas se resume ao amor. Quer deixar-se amar e amar profundamente.
Excesso de romantismo? Não sei... só sei que isto é tudo o que sei. É o resumo da minha vivência, da minha existência, daquilo a que aspiro... por isso, escuso de me esforçar a me tentar entender, encontrar, compreender, pois eu resumo-me deste modo. E creio que qualquer um de nós assim se resume. E é estranho, pois nenhum de nós assim se assume... E cada um de nós é uma história de amor.


Autor Desconhecido


Bjufas*