Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro. Há só um presente imóvel com um muro de angústia em torno. A margem de lá do rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá; e é esta a razão íntima de todo o meu sofrimento. Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem há desembarque onde se esqueca. Tudo isto aconteceu há muito tempo, mas a minha mágoa é mais antiga.
Isto não é bem a loucura, mas a loucura deve dar um abandono ao com que se sofre, um gozo astucioso dos solavancos da alma, não muito diferentes destes.
De que cor será sentir?
Fernando Pessoa em Carta a Mario Sá Carneiro
terça-feira, fevereiro 03, 2009
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2 comentários:
Como eu AMO Pessoa...não há palavras...
Se sentir tivesse cor, seria a tua cor! Ana Diniz na carta a Ana Rita Revez ;)
:)
o amor é lindo!!! lololol
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