«Não tem de ser triste. Às vezes, o tempo parte. Nós ficamos.
Vemo-lo ao longe, afasta-se devagar, e não tem de ser triste.
Hoje, eu caminho na direcção do passado. Tu caminhas para
o futuro. A noite. Depois desta noite, para mim, será ontem.
Depois desta noite, tu estarás em amanhã. Sabemos que haverá
muitas noites. Haverá dias, meses e anos que atravessaremos.
Atravessei muitos anos, direi. Atravessarei muitos anos, dirás.
Sabemos que o passado e o futuro são caminhos que se cruzam.
Não tem de ser triste. Talvez eu te encontre num dia em que eras
muito nova, uma criança. Talvez eu sorria. Talvez tu sorrias.
Talvez tu me encontres num dia em que eu seja já muito velho,
sem esperança de te voltar a ver. Talvez eu sorria. Talvez tu sorrias.
Não tem de ser triste. Vamos separar-nos agora. Este instante,
agora, será o teu passado. Este instante, agora, será o meu futuro.
José Luis Peixoto
uma carta relida e repensada. obrigada C.
terça-feira, janeiro 24, 2012
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