quarta-feira, fevereiro 29, 2012
terça-feira, fevereiro 28, 2012
segunda-feira, fevereiro 27, 2012
Madre Teresa de Calcutá
Amo-te!
Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde.
Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho:
eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se.
Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"
As crianças atropelavam-se umas às outras, invadindo o jardim onde estávamos todos. Queriam bolachas, fatias de bolos e copinhos com gelado para levar para a cave. Era para dar aos gnomos. Em tarde de festa de anos, nos tempos em que Maputo se chamava Lourenço Marques, a brincadeira pôs um sorriso na cara de toda a gente. Só uma parecia descontente. Era uma menina, acabara de fazer cinco anos, e o seu rostinho sério contrastava com a alacridade dos amigos. Chamei-a:
– Estás zangada?
– Estou ofendida – respondeu.
– Porquê?
Encolheu os ombros:
– Eles não acreditam. Eles não conseguem ver.
– O quê?
– Os gnomos.
– E tu?
– Eu brinco com eles e levo-lhes sempre doces. Eles adoram doces.
A nossa conversa, a meia voz, foi interrompida bruscamente por uma mulher de uns 30 anos, que erguendo a voz a repreendeu:
– Mentir é muito feio. Gnomos não existem. Meu Deus – exclamou voltando-se para a assembleia de adultos e adolescentes como eu, que participavam na festa – vou ter de proibir contos de fadas, nesta casa. A minha filha confunde realidade com fantasia e está a tornar-se uma criança mentirosa, o que é horrível.
Posto isto, sorriu, e pôs-se a falar de outra coisa qualquer. Nunca mais esquecerei a expressão da criança e da forma como lhe respondeu quase num grito:
– Eu não sou mentirosa, e tu és má. Nunca mais nunca mais nunca mais te conto nada!!
E fugiu com o seu prato de bolachas e bolos, seguida do grupo dos seus pequenos amigos e amigas que já não riam nem gritavam, mas segredavam uns com os outros. Quase todos, lamento recordá-lo, em ar de troça.
Não sei se alguma vez tive amigos invisíveis. Se tive, perdi-os nas pregas da memória, esse saco sem fundo de formas tão irregulares e instáveis, onde podemos perder eternidades de recordações lá dentro, até ao dia, improvável, em que tropeçando nos seus labirintos, as encontramos como se acabassem de ter sido vividas. Mas não ponho de parte a ideia consoladora de os ter tido.
Aliás, alguns dos meus filhos tiveram-nos. Um deles, por exemplo, assustou-me tremendamente quando, por volta dos seus seis anos, nos comunicou que falava com portas, melhor, que as portas falavam com ele. Respirei fundo, deixei a informação pousar e fiquei atenta ao desenrolar daqueles diálogos.
Depois, muitos anos mais tarde, foi a vez da minha sobrinha neta ter feito saber ao mundo que não ia para lado nenhum sem a sua grande amiga Clarinha, que, por acaso, só ela via e que durante anos fez parte da família. E desde há uns anos, com a colecção juvenil que iniciei, tenho obtido muitos e reconfortantes sinais de que o mundo das crianças e dos jovens continua tão mágico como sempre foi.
Não entendo, juro que não entendo, como é que pessoas pretensamente inteligentes, ou que gostam de se ver como tal, não percebem que a imaginação é o portal de acesso ao universo, aos universos todos, sem tempo nem distância nem limites. E que tudo o que nos rodeia é produto directo dessa mesma imaginação que alguns insistem em desvalorizar. Dos aviões aos computadores, da roda ao automóvel, dos alfinetes aos tachos e panelas, das roupas e acessórios, às casas, oh, céus, a lista não tem fim, tudo, em resumo, começou por ser um sonho de alguém ou de muita gente a sonhar em conjunto, que tomou forma e acabou partilhado por todos.
Não entendo, juro que não entendo, como alguém pode ousar reduzir a pó o mundo sagrado e mágico de uma criança, pelo simples facto de ter enterrado como inútil, a memória de ter sido uma, sem perceber, do alto da sua inepta racionalidade que é a imaginação que nos separa, e apenas ela, das outras espécies com quem partilhamos o planeta.
Erradiquem do ser humano esta função superior, e obterão autómatos insatisfeitos e insaciáveis, que mais tarde ou mais cedo fazem soar os seus gritos de revolta.
domingo, fevereiro 26, 2012
quinta-feira, fevereiro 23, 2012
quarta-feira, fevereiro 22, 2012
segunda-feira, fevereiro 20, 2012
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segunda-feira, fevereiro 13, 2012
quarta-feira, fevereiro 08, 2012
terça-feira, fevereiro 07, 2012
short story
segunda-feira, fevereiro 06, 2012
domingo, fevereiro 05, 2012
Venha plantar uma das 500 árvores de espécies autóctones e ajudar a realizar sonhos!
A iniciativa irá realizar-se dia 18 de Fevereiro (Sábado), das 11:00 às 16:00, no Bosque do Pisão de Baixo, no Parque Natural de Sintra – Cascais.
Plante esta Ideia
Para participar e receber informações inscreva-se aqui!
sábado, fevereiro 04, 2012
Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
Fernando Pessoa
por causa de um email...
sexta-feira, fevereiro 03, 2012
1)"quem me dera ter tido coragem de viver de acordo com a minha verdade e não segundo as expectativas dos outros";
2)"gostaria de não ter trabalhado tanto";
3)"preferia ter tido a coragem de expressar os meus sentimentos";
4)"quem me dera ter mantido os amigos mais chegados";
5)"devia ter-me permitido ser mais feliz".
E eu? Talvez possa evitar ser mais um a repetir estas lamentações!
[Texto completo aqui: http://www.inspirationandchai.com/Regrets-of-the-Dying.html]
"roubado do ver para alem do olhar"
quinta-feira, fevereiro 02, 2012
É urgente
É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer
É urgente o amor, é urgente
permanecer
Eugénio de Andrade